AROUCA - UMA RECRIAÇÃO HISTÓRICA

MONUMENTO EFÉMERO

Que pode levar tanta gente, mais de duzentas pessoas, a vestir de antigamente e, durante três dias, recriar e recrear-se, num fingimento colectivo, representando e revivendo o passado?

Vemos algumas poucas e fortes razões. Hoje, em boa medida, o mosteiro é dos arouquenses: muitos dos seus antepassados trabalharam para e no mosteiro. Foram os arouquenses que preservaram muito do património que está no museu. São portanto os arouquenses que legitimamente celebram e festejam o seu património feito de pedra, de memórias, de investigação, de estudo e, com certeza, de muita imaginação. A imaginação, ou se preferirem, a intuição que acompanha sempre a narração da História e que é, também o principal instrumento do Teatro, quando acompanhado da Vida.

Assim, quando falamos de Uma Recriação, talvez devêssemos falar de uma apropriação. E é esta a parte do evento que mais nos encanta na “Panmixia-Associação Cultural”: a construção da identidade colectiva tão necessária ao orgulho ferido português, nos tempos que correm, perdão, que andam. Descobrir o passado é reequacionar o presente, ganhar bagagem, enriquecer.

Existe outro aspecto muito importante, para a Panmixia, nesta forma de representar no meio do público muito pouco teatral. Questiona os limites do teatro. Teatro e vida cruzam-se, sobrepõem-se e estabelecem uma terceira figura, uma espécie de anacronismo geral que está para além do que é visível. Aqui, questionamos em cada Recriação os valores do Antigo Regime e confrontamo-los com aquilo que somos hoje e desejamos para amanhã.

Por fim, deixem-nos publicamente manifestar um agradecimento sentido e comovido, permitam-nos uma vénia em sinal de respeito por todos os atores (os arouquenses) que levantaram este Monumento Efémero.


A Panmixia